quinta-feira, 15 de maio de 2008

Um pé no fim do mundo, outro na Espanha

Um pouco mais de estrada e hoje escrevo da Espanha, em uma cidade costeira chamada Cádis (os espanhóis falam Cádi, rapidamente e comendo metade da palavra, ou seja, de forma quase incompreensível). Ontem, como havia dito, deixamos Lisboa em direção ao Algarve, região sul de Portugal. A filosofia na estrada era pegar as estradas mais secundárias que pudéssemos encontrar, passando por tudo quanto é vilazinha do caminho. Na estrada uma paisagem bem simpática, com uns impressionantes geradores eólicos no meio dos campos.



Por algumas horas seguimos estradinhas cheias de curvas e cidadezinhas branquinhas e com 200 metros de extensão, todas de telhados novos. A impressão é que algum subsídio do governo ou mega-corporação resolveu trocar as telhas de toda a Portugal. Conspiração ou não, o resultado ficou bastante bonito.




Nosso destino era o que os romanos chamavam de “fim do mundo”, o ponto mais ao sul do continente europeu. Nesse lugar, que não é o estreito de Gibraltar (Gibraltar fica para amanhã), se situou a escola de navegação de Sagres, fundada por Dom Henriques, no século XV. O lugar tem uma beleza árida, de uma costa pedregosa castigada pelo vento e o mar. O que sobrou da escola está no meio das ruínas de um forte mouro, em uma ponta de terra que avança mar adentro. Acho que a vista fala tudo.




Nossa parada em Sagres demorou um bocado e de lá fomos direto para Faro, cidade costeira onde passamos a noite. O lugar tinha um órgão muito bacana, cuja foto ficou horrível devido à proibição de se usar flash. Então seguimos para Sevilha, entrando em terras espanholas. O legal em Sevilha, além do táxi que andava em cima da calçada e a língua incompreensível, foi visitar uma antiga mesquita transformada em catedral (cristãos folgados!). As dimensões do lugar eram de cair o queixo.



Aqui eu consegui finalmente fotografar um órgão enorme e também o túmulo de Cristóvão Colombo, mas este último ficou borrado (de novo o problema da proibição do uso de flashes). É entrando em lugares como esse que se entende porque a Igreja tinha tanta força na Idade Média. Se hoje dá pra ficar impressionado com as dimensões e a riqueza do prédio, na época tanta ostentação tinha de ser prova que Deus estava do lado dos donos da casa (mesmo que estes tivessem roubado a casa de outra religião anterior). A subida ao minarete, convertido em torre dos sinos, quase matou boa parte de nosso grupo, que não esperava 36 lances de rampas (e 1 lance de escada) até o topo. Felizmente todos sobreviveram e puderam comemorar com uma deliciosa paella.




De volta na estrada para mais 120Km até nossa parada da noite (Cádis, de onde escrevo agora), me diverti dirigindo pelas estradas limpas, planas e ladeadas de flores e campos de trigo. Deixo vocês com um pouco de rodovias de verdade.